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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sombra do branco




Na tela do computador, há tempos me assombra a sombra de uma folha de papel em branco. Pensamentos soltos perambulam pela página vazia. Alguns a tocam, mas logo levantam voo. Exaustos de planar sobre a areia movediça das reticências, para onde irão?
Faz frio. Chuva fina da manhã deixou-me um olá sussurrado em gotículas no vidro da janela do meu quarto. Efeito orvalho na flor de pétalas transparentes. As flores de vidro não sentem frio. Ou sentem? Por onde vagueia o pensamento das flores enquanto o vento gelado balança o sono das hastes que embalam seus sonhos?
Pequenas margaridas plantadas em um vaso de plástico pediram-me que as trouxesse para minha casa. No último sábado, meu pensamento esbarrou com o pensamento delas enquanto eu caminhava distraída em meio às tendas do mercado.
Fascina-me o mistério do silêncio dos lírios. Encanta-me a elegância das tulipas. No entanto, as pequeninas e singelas margaridas sabem que lhes devoto um amor singular. E, talvez, pelo pacto secreto desse afeto implícito, elas me encontraram no sábado porque desejavam estar aqui, no árido momento da folha em branco. Margaridas são como a música que acolhe os pensamentos que as palavras não capturam...

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