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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

As contas do tempo



Fim de tarde. Crepúsculo de mais um dia. Tanto faz ser rei e rainha ou ser, simplesmente, João e Maria. O Sol nasce e se põe para todos. E o fim de tarde desce as cortinas de mais um dia.
Mais um ou menos um dia? Como entender o paradoxo do tempo que acrescenta enquanto subtrai. Entre as contas do mais e do menos, esvai-se o nosso tempo. Esvai-se inexoravelmente, escorrendo-nos pela areia que o conta.

Para onde deslizam as águas do tempo-enquanto? Quem sabe, escorrem e nos levam no ir-e-vir de suas ondas para os nunca antes navegados mares-quando. Parece que estamos sempre à espera de um quando. Há tanta gente que espera, até desesperadamente, um novo dia, um novo emprego, um novo amor, um novo lugar, um novo esperar, um novo tempo...
O que será o novo? Talvez seja apenas uma roupa mais leve e suavemente colorida que fiamos com o desfiar dos dias. Tecemos o novo enquanto sonhamos vesti-lo para dançar a música de um amanhã que flutua sobre o intangível horizonte do tempo. E, ao nascer desse dia, quem sabe, ao som da sinfonia das horas vestidas, celebre-se a nudez de tudo o que se viveu. Quem sabe, então, apenas se brinde ao que, enfim, percebemos (re)novar-se, (re)avivar-se em nós.

Talvez o novo seja apenas essa angústia ancestral da eterna busca de nós mesmos, que camuflamos no desejo de algo que ainda não alcançamos e que pensamos saber o que é.

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